Rogério Ceni disse na última entrevista coletiva, pós eliminação na Copa do Brasil, que, se o São Paulo não vencer a Sul-Americana, os "resultadistas" irão considerar o ano ruim. Concordo com o técnico. Irão mesmo.
A contradição até aqui é que qualquer análise positiva do clube em 2022 é permeada nos bons resultados em três das quatro competições do calendário. Final de Campeonato Paulista (vice), semi da Copa do Brasil e a final da Sul-Americana a ser disputada em 1º de outubro. Olhando por esses números o São Paulo aparenta mais consistência do que o que vemos em campo.
Rogério citou a virada sofrida diante do Palmeiras como divisor de águas das pretensões do time no Brasileirão, mas vale lembrar que, quatro dias antes do Choque-Rei, o São Paulo jogou muito mal na derrota para o Botafogo no Engenhão. Nos últimos 3 meses, portanto um recorte bastante considerável, o São Paulo foi um time em que os adversários têm facilidade em atacar e fazer gols, e pouca dificuldade para se defender.
Rogério Ceni em Flamengo x São Paulo pela Copa do Brasil
Rubens Chiri/São Paulo
Como o treinador baseia o seu trabalho no controle de jogo, vez ou outra, fica a impressão que determinado revés foi injusto, que a equipe merecia um resultado melhor. Isso de fato aconteceu nesse período, mas se pegarmos os últimos dez jogos, onde o Tricolor somou cinco derrotas, três empates e somente duas vitórias, percebe-se que não há muito do que se lamentar.
Está bem. Não merecia ter perdido para Flamengo e Fortaleza no Morumbi. Só que poderia tranquilamente ter sido derrotado por Cuiabá e Corinthians.
Imaginamos sempre que controla um jogo àquele que tem um meio-campo mais forte. Olha, possivelmente seja o setor mais problemático dessa equipe. Não é criativo nem combativo. Os jovens de Cotia tomam conta da “meiuca” desde os tempos de Fernando Diniz, passando por Crespo e Rogério. Responderam bem em diversas ocasiões, tiraram o time da fila, mas nenhum deles figura na lista dos melhores de sua posição. Por falta de companhia ou por característica mesmo, a realidade é que nenhum explodiu.
Na mesma coletiva do Maracanã, Rogério Ceni escancarou a necessidade de diminuir a folha de pagamento na temporada que vem, na qual ele próprio, por duas vezes, fez questão de dizer que não sabe se estará, apesar de ter renovado o contrato no início de julho. Imagino que a ideia seja limpar veteranos de salários mais altos e trazer jogadores capazes de tornar o time mais rápido. É preciso dizer que a busca desse controle excessivo do jogo também se dá pela total ausência de jogadores velozes.
Adianto aqui que, pelo desejo da diretoria, Miranda e Rafinha permaneceriam por mais uma temporada. Reinaldo até por mais tempo. O único veterano fora dos planos é o atacante Eder.
Há um pensamento meio que geral de imprensa e torcedores que o São Paulo não possui um elenco com muitas opções e qualidade e que Ceni tira leite de pedra. Considero bem exagerado. É óbvio que existem carências sérias, e que o departamento médico costuma abrigar mais que um time inteiro. Mas trata-se de um elenco caro e numeroso. Aconteceu de cortarem seis atletas do grupo de relacionados. Resumindo, está longe de ser terra arrasada.
Em tempo, não há opção melhor do que Rogério Ceni para a função. Por uma série enorme de razões. Só a tragédia do rebaixamento justificaria a troca. A decisão de Córdoba vai sim ter peso determinante na avaliação do ano.
Rogério não seria o "M1to" sem as conquistas. Ganhar o jogo que vale mais é o que distingue os jogadores bons dos médios, os treinadores bons dos médios. Por que vocês acham que o Rogério é tão obcecado em ser campeão? Os mais jovens não fazem ideia do quanto o goleiro Rogério era questionado até 2005 chegar. O São Paulo de 2022 é mediano até aqui, apesar das duas finais alcançadas. Será bom vencendo o perigoso Independiente Del Valle.
Fonte: André Plihal
O dilema depois da ducha gelada: Que tipo de time Rogério Ceni vai escalar na Copa do Brasil?
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