Parece que até Rogério Ceni acreditou na mentira de que 'o São Paulo não é mais o mesmo'

André Plihal
André Plihal

“O São Paulo não é mais o mesmo.” Quantas vezes vocês não ouviram essa conclusão nos últimos tempos?! Verdade das mais mentirosas do nosso futebol. Lógico que o São Paulo já foi muito mais vencedor, organizado e rico. Do mesmo jeito que no passado já foi igualmente perdedor e bagunçado. Talvez jamais tenha atravessado uma crise econômica tão séria, mas não custa lembrar do período em que o Morumbi foi parcialmente fechado para reformas emergenciais em meados dos anos 1990. 

Em vez de comprar jogador, investia-se em amortecedor para as arquibancadas não despencarem. Sem dizer que hoje as possibilidades de arrecadação são mil vezes maiores. Um recorte de 4 décadas escancara a mentira: sim, o São Paulo ganhou tudo e mais um pouco de 1985 a 1994. Nove anos. Mesmo tempo que na sequência ficou sem jogar a Libertadores. Este ciclo tem vários pontos em comum com o atual, e lembro-me de ouvir na época as mesmas conversas moles de agora, na linha de que “o São Paulo não é mais o mesmo”.  

Na estiagem anterior houve quem preferisse arregaçar as mangas a lamentar, e de 2005 a 2008 o clube voltou a colecionar troféus. Tenho questionado por aqui nas últimas semanas as entrevistas melancólicas de Rogério Ceni. Após o 3 a 1 sobre o Coritiba, três rodadas atrás, Ceni até deu uma melhorada no ânimo. Insuficiente ainda para mobilizar time e torcida na duríssima busca por um lugar na Libertadores do ano que vem. 

“Poxa, mas o São Paulo venceu seus últimos 3 jogos!” 9 pontos obrigatórios, convenhamos. E sem empolgar em nenhum momento. O time não vibra. O treinador não vibra. Se nem o próprio Rogério Ceni comemora o gol da vitória aos 49 minutos e meio do segundo tempo, feito por um jogador que passou um ano machucado, como o torcedor vai ser convencido a comprar a ideia de que pode existir um horizonte? 

Rogério Ceni assiste a jogo do São Paulo no Campeonato Brasileiro
Rogério Ceni assiste a jogo do São Paulo no Campeonato Brasileiro Rubens Chiri / saopaulofc.net

Não por acaso, o estádio que recebeu 30 mil pessoas por mais de dez jogos seguidos precisa agora de duas partidas para juntar esse público. Não é difícil de entender o fenômeno. O cara passa o dia ouvindo que o clube dele é uma porcaria, que não há perspectiva, que não sabe se vale a pena disputar a Libertadores só por disputar… O mesmo cara não vê um mínimo sinal de reação por parte do comando (diretoria e comissão técnica). 

Não se pensa sequer em cobrar preços mais camaradas pelos ingressos dos últimos dois jogos em casa na temporada. Parecem todos conformados com a falácia propagada a todo instante do São Paulo perfeito do passado, esquecendo que,  é sim, bastante possível reverter este quadro de crise. Com trabalho, criatividade, profissionalismo e paixão. 

Somadas as histórias como (enorme) jogador e técnico, Rogério Ceni tem 27 anos de São Paulo, portanto, viveu todas as situações possíveis mais de uma vez. O que não o impede de corroborar com o furado discurso e repeti-lo. 

Resumindo, até o Rogério acreditou na mentira.

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