Palmeiras pode estar a escrever novo capítulo da riquíssima história do futebol brasileiro
O Flamengo está a 13 pontos do líder Palmeiras. O Atlético-MG, sete. O Corinthians, que é quem está mais próximo (tem 25 pontos), não parece ter fôlego para suportar essa maratona que é o Campeonato Brasileiro, junto com outras competições que disputa. E o Internacional, que estava dando pinta de que poderia brigar pela taça, tropeçou burlescamente, em casa, diante de um Botafogo com um jogador a menos e quando ele, Internacional, vencia por 2 a 0 (o jogo terminou 3 a 2 para os cariocas).
O Palmeiras está deixando um rastro de poeira para que seus perseguidores engulam. E se asfixiem com ela.
Transcorrido um terço do campeonato, o time não dá o menor sinal de que vai claudicar. Mesmo quando Danilo, seu melhor jogador, atua mal, ele consegue vencer. Foi o que aconteceu na noite desta segunda-feira dia 20, quando em pleno Morumbi, diante do hospedeiro São Paulo, o time, heroicamente, virou um jogo que parecia pouco provável. Mesmo com Danilo jogando mal, repito.
Perdia por 1 a 0 até os 45´2T (gol de Patrick, aos 17´1T, pra mim um gol irregular, pois a meu ver a bola tocou no braço do são-paulino antes de entrar), quando empatou com um gol de cabeça de Gustavo Gomez, o melhor zagueiro em atividade no futebol brasileiro. Cinco minutos depois veio o golpe fatal: o outro beque palmeirense, Murilo, decretou os 2 a 1 que foram o placar final, para incredulidade dos pouco mais de 31 mil são-paulinos que se dispuseram a passar frio no gélido Morumbi (no final da partida fazia 14 graus, mas a sensação térmica fazia a temperatura baixar para 11).
Foi um Palmeiras que não pode contar com a plenitude de seu melhor jogador (Danilo) e que ainda se viu desfalcado de Raphael Veiga (o segundo melhor do time) e de Zé Rafael (o terceiro). E nem mesmo o equívoco do técnico Abel Ferreira, no primeiro tempo, que transformou o atacante Dudu em ala para marcar Reinaldo, quando era Reinaldo quem deveria marcar Dudu, fez com que o time se enfraquecesse mais (no segundo tempo, o português fez o óbvio: passou Veron para a direita para ele acompanhar Reinaldo e deixou Dudu solto, e o time cresceu).
Nem mesmo tudo isso atrapalhou uma equipe que parece estar abençoada pelos deuses do futebol. Mas não vamos apenas atribuir ao esoterismo o sucesso do Palmeiras. O time é o que é porque Abel Ferreira o tem nas mãos, Abel que não é deus, que comete seus erros, cujo preço, todavia, o time consegue pagar, mas que mais acerta do que erra. E como acerta!
O sucesso do Palmeiras tem a ver com Abel Ferreira, um treinador que mudou da água para o vinho (desculpem o clichê) depois que a equipe perdeu a final do Mundial de Clubes para o Chelsea. Naquela partida, Abel, covardemente, colocou o Palmeiras todinho atrás, com uma insólita linha de seis, e passou o jogo a especular e não a pelejar. Foi duramente criticado por alguns (inclusive por mim) e parece que ele, humilde e inteligente que é, analisou as críticas, viu o jogo novamente e entendeu que precisava mudar.
Mudou — e hoje o Palmeiras é uma beleza de time. Dá prazer vê-lo jogar, pois ele atua com intensidade em todos os setores do campo e/ou de acordo com o adversário, de maneira inteligente, estratégica, como o jogo atualmente requer.
Não é fácil dobrar o Palmeiras. E não me parece que, neste momento, haja algum time capaz de fazê-lo, embora ainda faltem dois terços para o final do Brasileiro. O título, embora estejamos um pouco além do prólogo da competição, parece que tem dono.
O Palmeiras está deixando um rastro de poeira para que seus perseguidores engulam e se asfixiem com ela. Mesmo com um elenco não tão estrelado e badalado como são os de Flamengo e Atlético. Isso tudo porque ele tem Abel Ferreira e, igualmente, um um grupo de jogadores insaciáveis, focados, disciplinados, competidores, que sentem o peso e o valor desta camisa grandiosa.
O Palmeiras pode fechar esse 2022 como o maior ano da sua riquíssima história, ganhando o Brasileiro (está se encaminhando muito bem, como vimos) e o tri da Libertadores, algo que nenhum outro time do nosso país conseguiu fazer, nem mesmo o Santos de Pelé.
O Palmeiras pode, volto a dizer, pode, repito, pode, pois não há garantia de nada. Mas se depender do que estamos vendo, poderemos estar testemunhando a história ser escrita. E com tintas verde e branca.

Palmeiras pode estar a escrever novo capítulo da riquíssima história do futebol brasileiro
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.