O inferno de Tite são os outros
O fato de os últimos dois jogos da seleção brasileira terem coincidido com as semifinais e finais da Nations League escancarou aquele que é hoje, a pouco mais de um ano da disputa da Copa do Mundo do Catar, o grande problema do time de Tite: a diferença entre o futebol jogado pela sua equipe na comparação com seus principais concorrentes.
Durante muito tempo, o contra-argumento "mas quais seleções jogam um grande futebol no planeta?" parecia razoavelmente válido para relativizar quaisquer críticas mais contundentes que fossem feitas à seleção brasileira – e não apenas à comandada por Tite.
Mas o cenário mudou.
Hoje a França, ainda que longe de atingir seu potencial máximo, é campeã mundial e da Nations League sobretudo pela enorme qualidade individual de estrelas como Mbappé, Benzema e Pogba. Qualidade superior à de um Brasil que parece ainda depender dos lampejos de Neymar.
A Itália, campeã europeia, se não conta com estrelas do nível de Mbappé, Neymar, Messi ou Cristiano Ronaldo, tem um alto padrão de jogo forjado pelo técnico Roberto Mancini, o que, aliado a uma boa geração de jogadores, produz o suficiente para lhe colocar também à frente dos brasileiros no nível de futebol jogado.
Caso similar ao da Espanha de Luis Enrique e seus jovens comandados, um time que perdeu a final da Nations League para a França e foi eliminada pela campeã Itália nas semifinais da Euro, mas que, em ambas ocasiões, produziu mais que seus adversários.
A Bélgica, coletivamente, também não parece ficar atrás da seleção brasileira, e tem não apenas um, mas dois jogadores com enorme capacidade de decidir jogos – De Bruyne e Lukaku, para não falar de um decadente (mas ainda recuperável?) Hazard.
Outras seleções, ainda que não possam ser colocadas categoricamente num patamar acima do da seleção brasileira, também não parecem estar abaixo dela por aquilo que produzem atualmente.
É o caso de Portugal, outra equipe cujo técnico não parece extrair o potencial máximo de seu grupo, mas que conta com talentos que vão além de sua estrela máxima, Cristiano Ronaldo; da Argentina de Messi, campeã sul-americana (no Brasil) que passa por inegável evolução nos últimos dois anos; da Inglaterra com sua jovem e promissora geração; e até da Alemanha, que parece ter deixado de lado seus piores momentos após a chegada de Hansi-Flick.
O fato de a seleção brasileira ter parado de evoluir e estar jogando mal nas eliminatórias evidentemente não significa que ela não seja competitiva, como mostram seus próprios resultados, e que não possa ganhar um torneio de tiro curto como a Copa do Mundo no final do ano que vem.
Em campeonatos assim, como a história já cansou de mostrar, o imponderável, as eventuais ausências, as arbitragens ou mesmo a sorte podem ser determinantes para se definir vencedores, derrotados e campeões.
A quase um ano da Copa do Mundo, porém, está claro que a seleção brasileira não consegue jogar mais futebol do que pelo menos oito (!) de seus concorrentes. O cenário, certamente, poderia ser mais promissor.
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