José Mourinho, com sua obsessão pelo mal, está pronto para o Brasil
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Quem assistiu à ótima série documental All or Nothing a respeito do Tottenham e da passagem de José Mourinho pelo clube já sabe: o vitorioso técnico português está obcecado pelo mal.
Em diversos episódios do documentário, Mourinho alterna as palavras para repetir a Harry Kane, Son e companhia uma reclamação exatamente com o mesmo teor: “vocês são um grupo pessoas incríveis, muito boas mesmo, mas no futebol isso é um problema, vocês são bonzinhos demais”.
Chama atenção, pelo menos segundo o que é retratado na série, o quanto suas preleções, falas e orientações são muito mais de ordem motivacional do que tática e técnica (o oposto do que se vê na mesma série ao retratar o Manchester City de Pep Guardiola).
Após a incrível e absurda virada da Juventus sobre sua Roma no domingo, num jogo em que o time da capital viu um placar favorável por 3 a 1 ser revertido para 4 a 3 em apenas 7 minutos, o teor das entrevistas de Mourinho seguiu mais ou menos a mesma linha daquilo que se vê no documentário do Tottenham. Ele quer um time mau.
Veja os gols de Roma 3 x 4 Juventus:
José Mourinho não é o culpado pelo desastre no Olímpico. Com formação e desempenhos acima da média para o que tem sido a temporada, mesmo toda desfalcada, a Roma produziu até mais que a Juve. Por seu carisma e história, a chegada do português ao clube no início da temporada surtiu efeito e, mesmo sem tantos motivos técnicos para tal, gerou euforia que há tempos não se via entre torcedores (leia texto a respeito no blog).
No cômputo do saldo atual, sua passagem não é desastrosa apesar da modesta 7ª colocação no Campeonato Italiano e de uma goleada vexatória diante do norueguês Bodo Glimt. Mourinho, claro, não deveria ser substituído. Reclamar de foco, concentração e comprometimento é não apenas seu direito, mas também sua função e responsabilidade.
Porém, ao manter essa lógica materazziana do futebol, ao insistir na máxima de que jogos se ganham no grito, na intimidação do adversário, nas chegadas mais dura e nas rodinhas em torno do árbitro (a Roma já exagera neste aspecto), Mourinho contraria o que se vê, hoje, nos principais times e campeonatos do continente. Em 2022, aliás, nem mesmo na Libertadores, antes exaltada por seu caráter bélico, os jogos se ganham dessa forma – embora muitos ainda joguem assim.
Aos 58 anos, José Mourinho precisa mudar. Caso contrário, entres as ligas relevantes do planeta, ao buscar um lugar onde sua visão de futebol ainda é razoavelmente compartilhada, só lhe restará o Brasil.
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