Resignação de Neymar é a derrota do futebol
Neymar não jogará na Premier League. Não voltará ao Barcelona. Não entrará em campos italianos ou alemães. Não disputará as próximas edições da Uefa Champions League e tampouco o desequilibrado Campeonato Francês pelo qual vinha atuando nos últimos anos. Neymar não voltará nem mesmo ao Brasil.
É triste constatar, mas Neymar desistiu do futebol de alto nível. Resolveu, como tantos outros grandes jogadores renomados, na maioria veteranos, se mudar para a Arábia Saudita, um país que busca (em vão) limpar sua imagem através da instrumentalização do futebol, a exemplo do que faz o Catar.
Não importa quantos jogadores se transfiram para atuar no Campeonato Saudita, a artificialidade da competição não permitirá que ela se transforme em algo verdadeiramente relevante da noite para o dia, em um ou dois anos. Porque até o dinheiro tem seus limites: ele compra jogadores ou técnicos, mas não o faz com história ou tradição.
Até que venha a Copa do Mundo, Neymar pode fazer quantos gols quiser e vencer todos os campeonatos que disputar na Arábia Saudita que ainda assim suas conquistas mais relevantes continuarão a ser a Champions de 2015, a Libertadores de 2011 e os títulos nacionais vencidos na Europa – cada um atribua o peso que julgar justo aos burocráticos títulos franceses com o PSG.
É pouco para Neymar. Pouco pelo que ele poderia ter sido. Pouco pelo que ele ainda poderia tentar alcançar.
Neymar tem 31 anos. Não tem os 36 de Messi, que após atingir o ápice se mandou para os EUA. Também não tem os 38 de Ronaldo, que conseguiu a façanha de rivalizar com Messi durante quase toda a carreira e só depois de perceber que não tinha mais condições de seguir entre os melhores foi rechear (ainda mais) sua conta bancária.
Neymar, ao menos por ora, desistiu da relevância esportiva.
Difícil saber o quanto da escolha pela Arábia tem influência de seu pai, cujo interesse pelo mundo corporativo, pela “holding” Neymar Jr. e por seu faturamento sempre pareceu superior ao interesse pelo tamanho do filho na história do futebol – escrevi a respeito na ocasião do lançamento de seu documentário Neymar: o Caos Perfeito, leia aqui.
Outra hipótese possível é a de que Neymar tenha sucumbido diante de uma constatação surpreendente para um craque com sua qualidade: dentre os clubes europeus que teriam condições de contratá-lo, ninguém fez qualquer esforço por ele. Porque no fim das contas o pacote Neymar não inclui apenas talento; ele representa, como seu viu ao longo de quase toda sua carreira, um risco significativo.
É provável que Neymar Jr. não esteja nem aí para isso. Neymar Pai muito menos. Para quem ama futebol, contudo, é difícil encontrar algo de positivo na ida de Neymar para o futebol saudita aos 31 anos de idade. A desistência de Neymar é mais uma derrota do futebol.
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