O dia em que um leitor me desejou hemorroidas
Desde que comecei a escrever este blog sobre futebol, dar pitacos no Twitter e trabalhar como comentarista na TV, passei a conviver com a necessidade de ter um grande autocontrole. É preciso lidar com algumas pessoas que parecem estar sempre de mal com a vida, prestes a explodir. Tem muita gente bacana, a maioria é assim. Mas aparece com frequência um pessoalzinho encardido que se dispõe a brigar, o que é muito diferente de debater. Acontece principalmente quando eu meto o dedo em alguma ferida clubística. É aí que a coisa, invariavelmente, pega.
Torcedor de futebol, na internet, é um bicho perigoso. Quando se sente contrariado pelo que alguém escreveu ou disse, é capaz de xingar o autor com os piores nomes possíveis. Não basta discordar, argumentar. Há um ódio em cada palavra cuspida pelo teclado.
Me lembro quando Ronaldo foi contratado pelo Corinthians. Eu editava a revista Placar e achei que, naquele momento, quando o time estava se encaixando, a presença de um medalhão poderia desequilibrar um trabalho bem feito. O Gorducho provaria que eu estava errado, mas era o que julgava então correto dizer. Publiquei no site.
Me recordo que foram 400 comentários. Uns dez concordavam comigo, outros 20 me criticavam com respeito e o restante era só espinafrada. Os mais amáveis diziam que eu era um Zé Ninguém (até aí, ok!) e que não podia ficar criticando o Fenômeno. Havia também os que diziam que eu nada entendia de futebol (ok também). Mas a maioria me xingava. Dois comentários me doeram particularmente.
Teve um sujeito que se identificou como “mãe do Maurício” e pedia desculpas por ter dado à luz este pobre coitado. O requinte de crueldade (são imagens fortes) dizia algo como: “Eu pari este cara em pleno banheiro durante uma diarreia”. Juro. Pra que botar minha mãezinha no meio? Nessa situação? Não, mil vezes não!
O outro que me magoou escreveu assim: “Eu desejo que este jornalista tenha hemorroidas”. Fiquei dias chateado. Tudo bem dizer que estou errado, que não manjo nada de futebol, blá blá. Mas desejar hemorroidas? Um troço desagradável, dolorido. Isso não se faz…
Muitos textos, golpes e opiniões se passaram desde aquele do Fenômeno. Digo que criei uma certa casca protetora contra a má educação. Simplesmente não respondo. Esses dias mesmo, um sujeito disse que um comentário meu era canalha. A opção da emissora é, aqui, não moderar comentários. Isso é corajoso, pois tem o preço de expor quem escreve ao apedrejamento. Novos tempos. Na TV, estamos abertos ao diálogo com os fãs do esporte. Acho isso ótimo, um avanço, mas não digo que seja fácil. Nem todos conseguem manter um tom civilizado quando discordam. Ofendem, desqualificam. Muitos, sob pseudônimo e avatares impessoais, o que gera uma relação desleal. Todos precisamos aprender a dialogar, de ambos os lados. A quem não se mostra capaz, é desprezo ou block!
Fonte: Maurício Barros
O dia em que um leitor me desejou hemorroidas
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