Dúvidas MLB 4: Como é montada a tabela de jogos, a cor dos uniformes, as knuckleballs e técnico que joga bonito
O Dúvidas MLB é publicado toda terça, respondendo perguntas do fã de esporte que quer entender mais do beisebol ou apenas quer bater papo sobre um assunto. Pode mandar sua pergunta no Twitter, marcando o meu perfil (@ubiraleal). Se sua dúvida principal é de regras básicas da modalidade, funcionamento da liga, conhecer os times, entre outras coisas, dá uma conferida neste link. Ali tem muita informação para ajudar quem está chegando agora a entender o esporte. Se ainda assim ficou alguma ponta solta, pode mandar sua pergunta sem problema.
Os times jogam todos entre si? Quantos jogos eles jogam contra cada time nos 162 jogos?
Jamilton Guedes, Caicó-RN
Não, eles não jogam todos contra todos. Primeiro, temos de imaginar que os times jogam contra todas as outras equipes de sua própria liga (Americana x Americana, Nacional x Nacional). Há também os jogos interligas: os times de uma determinada divisão da Liga Americana enfrentam os de uma determinada divisão da Nacional (a cada ano muda esse cruzamento) e também um “rival regional”.
Os confrontos dentro da mesma liga são sempre iguais: 19 jogos contra os times da mesma divisão, seis partidas contra quatro times de outras divisões e sete partidas contra os outros times da outra divisão. Isso dá 142 jogos. Faltam 20 para fechar a conta.
Aí vamos aos jogos interligas. Nos anos em que o cruzamento das divisões é das mesmas regiões (Leste x Leste, Central x Central, Oeste x Oeste), as equipes fazem seis confrontos contra seu rival regional, quatro contra outros dois times da divisão e três contra os dois restantes.
Nos anos em que o cruzamento não ocorre entre as mesmas regiões (por exemplo, Leste x Central), as equipes enfrentam quatro vezes contra um dos times da divisão, três vezes contra os demais e quatro jogos contra seu rival local.
Os rivais locais são: New York Yankees x New York Mets, Los Angeles Angels x Los Angeles Dodgers, Chicago White Sox x Chicago Cubs, Oakland Athletics x San Francisco Giants, Kansas City Royals x St. Louis Cardinals, Cleveland Guardians x Cincinnati Reds, Tampa Bay Rays x Miami Marlins, Baltimore Orioles x Washington Nationals, Boston Red Sox x Atlanta Braves, Toronto Blue Jays x Philadelphia Phillies, Detroit Tigers x Pittsburgh Pirates, Minnesota Twins x Milwaukee Brewersx Houston Astros x Arizona Diamondbacks, Seattle Mariners x San Diego Padres e Texas Rangers x Colorado Rockies.
A MLB já anunciou que isso mudará a partir de 2023. Aí, sim, todos mundo enfrentará todo mundo anualmente. Os times farão 14 partidas contra os adversários de sua divisão (56 jogos), seis jogos contra os outros times de sua própria liga (60), quatro contra o rival regional da outra liga e três contra os demais times da outra liga.
Por que o time da casa sempre joga de branco e o visitante de cinza?
Felipe Figueiredo, Maracaju-MS
Atualmente, é por tradição. Nos jogos em casa, a camisa é branca e tem o apelido / mascote escrito na frente. Nos jogos fora de casa, joga-se de cinza com o nome geográfico (cidade / estado) na frente. Não é uma regra – tanto que alguns times não têm versões com o apelido / mascote (Yankees, Tigers, por exemplo) e outros não têm camisa com o nome geográfico (Angels, Rays, p.e.) –, mas é esse o padrão. E, claro, várias franquias lançaram terceiros e até quartos uniformes, e usam aleatoriamente ou dentro de algum padrão criado pelo próprio clube.
Mas essa tradição não surgiu do nada. Teve um motivo bastante frugal. Nos primórdios da MLB, no final do século 19 e início do século 20, os times visitantes tinham dificuldade em lavar os uniformes entre um jogo e outro. O time da casa já tinha um esquema na própria cidade e conseguiam. Dessa forma, a equipe mandante sempre tinha o uniforme mais limpo, branquinho, enquanto que o visitante já levava um uniforme mais escuro para esconder mais o encardido e a sujeira que não saiu dos jogos anteriores.
O elemento colorido mais marcante eram as meias, tanto que várias equipes eram identificadas dessa forma (Boston Red Sox, Chicago White Sox, Cincinnati Reds, St. Louis Browns, Providence Grays, Cleveland Blues, Hartford Dark Blues) e isso até se transformou em nome permanente.
Por que não há muitos knuckleballers na liga? Há alguma razão ou é por opção mesmo?
@pedroamdoze
Há algum arremessador que utilize knuckleball como arremesso principal?
Yan Domit, Curitiba
Duas respostas em uma. A técnica da knuckleball é muito difícil de dominar, por isso é raro algum jogador se aventurar nesse arremesso. Por ser raro, também não são muitos treinadores e catchers acostumados a trabalhar com esse estilo e, por isso, também é mais difícil algum arremessador encontrar ajuda especializada para desenvolvê-lo. Por isso, muitas vezes os knuckleballers são arremessadores que estão perdendo espaço nas ligas de desenvolvimento e buscam esse arremesso como tentativa desesperada de se destacar e se consolidar nas grandes ligas.
As knuckleballs não têm rotação e acabam fazendo uma trajetória errática, de acordo com o ar. Essa imprevisibilidade é a grande virtude delas, pois o rebatedor tem dificuldade de fazer uma leitura do que vai acontecer (o catcher também sofre, e por isso há tantos arremessos indomáveis com knuckleballs) e acaba tendo contatos ruins, mesmo com a velocidade média bem menor do arremesso. No entanto, o beisebol de hoje tem priorizado bolas cada vez mais rápidas. Assim, os times têm preferido desenvolver arremessadores que lancem bolas rápidas perto de 100 milhas/hora ou bolas de efeito perto de 90 milhas/hora para gerar muitos strikeouts.
Se somarmos a dificuldade em desenvolver a técnica da knuckleball com a tendência atual em buscar mais velocidade do que indução de contatos ruins, esse arremesso tem se tornado cada vez mais raro (mas, atenção, ele sempre foi raro). Atualmente, dois arremessadores que atuaram na MLB utilizam a knuckleball: Steven Wright e Mickey Jannis.
Wright teve uma passagem relativamente longa no Boston Red Sox (2013 a 19), mas não atuou mais depois de ser pego em exame antidoping. Ele chegou a atuar nas ligas menores do Pittsburgh Pirates em 2021, mas não teve bons resultados e acabou dispensado. Neste momento, ele está sem clube, mas tecnicamente é considerado um jogador ainda na ativa.
Jannis teve bem menos chances que Wright: apenas um jogo pelo Baltimore Orioles em 2021. Foram 3 ? entradas e sete corridas. Acabou dispensado dois dias depois. Neste momento, defende o Chicago Dogs, da American Association of Professional Baseball (uma liga independente).
Além deles, Ryan Feierabend era outro representante recente das knuckleballs. Ele fez 31 jogos somando passagens apagadas por Seattle Mariners (2006 e 07) e Texas Rangers (2014). O arremessador foi atuar na liga sul-coreana, onde decidiu adotar a knuckleball para sua carreira ter uma sobrevida. Acabou ganhando uma oportunidade no Toronto Blue Jays em 2019, mas fez apenas duas partidas e acabou dispensado. Ainda atuou na liga taiwanesa e em uma liga independente dos EUA até anunciar a aposentadoria no final do ano passado.
Há algum técnico no beisebol que seja conhecido por fazer seu time jogar bonito, como Fernando Diniz no futebol?
No Context Sports, @sportsnocontex
O conceito de “jogar bonito” no beisebol é mais complexo do que em outros esportes. No futebol ou no basquete, as ações ofensivas e defensivas se sucedem rapidamente, e muitas vezes se dedicar muito a uma das fases do jogo significa reprimir a outra. Assim, o time que “joga e deixa jogar” normalmente é tido como um que joga bonito (como as equipes de Fernando Diniz no futebol) e o time que “não joga e não deixa jogar” são os retranqueiros, que jogam feio.
No beisebol, como no futebol americano, as ações defensivas e ofensivas são totalmente separadas (no caso do futebol americano, até os jogadores são outros). Assim, é possível ser muito forte nas duas fases do jogo, ou priorizar uma sem que necessariamente reprima a outra.
Além disso, o conceito de “beleza” no futebol ou no basquete muitas vezes está relacionado a jogadas muito técnicas e plásticas no ataque. No beisebol, muitas vezes a jogada mais bonita da partida é um arremesso preciso ou uma defesa acrobática, não necessariamente uma rebatida.
Considerando isso tudo, dá para dizer que “jogar bonito” no beisebol é ter um time capaz de fazer algumas das coisas que levantam o público, mesmo que não sejam necessariamente no ataque. Os times de Joe Maddon, principalmente o Tampa Bay Rays, costumam trabalhar muito bem a defesa, com jogadores capazes de jogadas espetaculares para evitar que os adversários avancem bases. Os Rays de hoje, de Kevin Cash, também se destacam nisso.
O Texas Rangers de Ron Washington era muito divertido pela maneira como seu ataque corria as bases de forma corajosa, seja roubando, seja buscando uma base a mais. O New York Yankees de Aaron Boone tem atuado desta forma neste ano.
Os elencos montados por Dave Dombrowski (é general manager, não técnico) costumam ser divertidos. Ele gosta de equipes com alto poder no bastão, com muitas rebatidas e muita potência. No entanto, ele não costuma dar tanta atenção à capacidade defensiva e à qualidade dos relievers. Assim, são times que produzem muitas corridas, mas cedem muitas também. São partidas com mais reviravoltas, mas nem sempre os torcedores de suas equipes ficam satisfeitos com os resultados finais. Hoje ele está no Philadelphia Phillies.
Por outro lado, Tony LaRussa pode ser visto como “retranqueiro”, pois gosta de trabalhar cada duelo entre arremessador e rebatedor para suprimir o ataque adversário. Isso o torna um treinador extremamente tático e vitorioso, mas muitas vezes o jogo parece “amarrado” por isso. Cash, dos Rays, também tem eses comportamento quando gerencia seus arremessadores. No entanto, LaRussa foi comandante de um dos times mais espetaculares da história pela capacidade de divertir o público rebatendo home runs: o Oakland Athletics do final da década de 1980.
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