A revista, Kaká conta por que rejeitou ser a primeira grande estrela do Manchester City

ESPN.com.br
Kaká agradece torcida do Milan após jogo contra a Fiorentina em 2009
Kaká agradece torcida do Milan após jogo contra a Fiorentina em 2009 Getty

Em janeiro de 2009, Kaká era o "dono" de Milão. Aos 27 anos, no auge físico, o brasileiro tinha a torcida milanista aos seus pés e estava sempre na lista dos melhores jogadores do mundo. No entanto, uma atitude do clube pelo qual atuava desde 2003 o fez repensar sua vida na Itália.

Naquele mês oito anos atrás, o então novo-rico Manchester City fez uma oferta estratosférica para contratar o meia-atacante e transformá-lo em sua primeira grande estrela: 91 milhões de libras (hoje, R$ 402 milhões).

O Milan não pensou duas vezes em aceitar a proposta, e a decisão de ir à Premier League ficou com Kaká. À revista FourFourTwo, ele revelou como passou extremas dificuldades para lidar com tal situação.

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"Naquele tempo, o Milan não era o tipo de clube que você espera vender seus melhores jogadores. Sua filosofia era vender apenas aqueles que realmente queriam deixar o clube, e eu não era um jogador que queria deixá-lo. No entanto, quando Adriano Galliani, o vice-presidente do clube, falou com meu pai, ele me disse: 'Você sabe, pela primeira vez nós estamos atualmente desejando fazer esse negócio - é um montante enorme de dinheiro, e nós aceitaremos sua oferta'. Eu não sabia o que pensar", contou o melhor do mundo de 2007.

Surpreso com a postura do Milan, Kaká realmente pensou na mudança para a Inglaterra: "Parecia um novo e excitante desafio e um novo capítulo para mim, mas isso tudo veio do nada, e muito rapidamente. Logo eu comecei a me sentir confuso e ansioso. A situação me bagunçou".

Kaká admitiu que duelo contra a Fiorentina foi o mais difícil de se concentrar
Kaká admitiu que duelo contra a Fiorentina foi o mais difícil de se concentrar Getty

A notícia, claro, tomou conta dos jornais europeus, e o brasileiro não se esquece do primeiro jogo oficial pós-oferta. "Eu estava bastante agitado e emocionalmente trêmulo. Eu me lembro de jogar em casa contra a Fiorentina no San Siro bem no meio do período da negociação, e toda a situação ficou na minha cabeça durante o jogo. Eu não conseguia me focar, e meu desempenho no gramado foi ruim por causa disso. Eu posso me lembrar dos torcedores do Milan gritando para mim: 'Não se venda, Kaká! Não se venda, Kaká!", falou.

Vários cartazes foram levados ao estádio milanista com críticas à diretoria por querer negociá-lo e em apoio ao ídolo brasileiro. A oferta salarial - 500 mil libras por semana - R$ 2,2 milhões na cotação atual - também era impressionante, mas o meia-atacante não tinha lá muita confiança no projeto do City.

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"Eu não posso negar que não esperava estar vivendo esse tipo de situação. Eu fiquei enormemente surpreso pela proposta do City, especialmente por ter vindo durante a janela de transferências de janeiro, quando é pouco comum para grandes transferências acontecerem. Assim que nós ouvimos do Milan que eles estavam felizes com a oferta do Manchester City, meu staff e eu estávamos livres para negociar os termos pessoais do negócio. Nós estávamos muito intrigados para ouvir exatamente o que tinha nesse projeto. Meu pai viajou à Inglaterra para encontrar o técnico do City,  Mark Hughes, e alguns dos diretores do clube algumas vezes", disse.

Torcedores levaram faixas contra a diretoria do Milan pela possível venda de Kaká
Torcedores levaram faixas contra a diretoria do Milan pela possível venda de Kaká Getty

"Para um jogador, é também longe do ideal mudar de clube (em janeiro), especialmente nesta situação - mudar para uma liga muito diferente em outro país com uma nova língua e cultura. Ser parte de um projeto ambicioso que todo o mundo do futebol estava falando foi intrigante, mas não era ideal em janeiro", continuou.

Quando tudo parecia decidido para a transferência acontecer, porém, a atuação da torcida teve papel importante para que Kaká tomasse sua decisão.

"Nos estágios finais das negociações, meu telefone tocou. Mais uma vez, eu estava em casa em Milão e, outra vez, era o meu pai do outro lado da linha. Ele estava em outra reunião com representantes do City. No mesmo momento, do lado de fora da janela, tinham centenas de torcedores do Milan paradas na rua perto do meu prédio. Eles perceberam que era o momento para o último ano e vieram me dizer que também era uma decisão gigante para eles também. Foi uma das diversas ações de carinho que eles me mostraram durante o período de negociação com o City", lembrou.

Torcedores do Milan na porta da casa de Kaká: impulso para continuar na Itália
Torcedores do Milan na porta da casa de Kaká: impulso para continuar na Itália Getty

"Eu não posso dizer honestamente que se eles não estivessem em frente ao meu apartamento que minha decisão teria sido diferente, mas foi uma sensação tão incrível testemunhar a profundidade de sua afeição naquele momento particular. Os fãs estavam em todo lugar na rua, cantando. Eu estava no telefone com meu pai. Ele me explicou o último item do contrato que o City estava me oferecendo. E foi isso. 'Não há mais para onde correr. Depende de você', ele disse".

"'Pai', eu disse de forma firme. 'Você pode dizer a eles que eu não vou agora. Diga a eles que nós veremos o que acontece no futuro. Minha decisão é ficar com o Milan. Essa é a minha última decisão'", revelou Kaká, que saiu de sua janela segurando a camisa do Milan em forma de agradecimento à torcida.

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"Eu finalmente cheguei à conclusão que não era o momento certo para ir ao City, e o motivo principal era a incerteza quanto ao processo de construção do elenco que eles estavam prestes a fazer. Não ficou claro para mim como o elenco seria remodelado, e eu não estava tão convencido se funcionaria", disse.

O brasileiro diz, claro, que se a oferta acontecesse hoje não pensaria em aceitar. Mas sua relação com a diretoria do Milan a partir daquele momento mudou, e no meio de 2009 ele foi para o Real Madrid, um de seus sonhos.

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