Após metade dos jogos da fase de grupos dos torneios da Conmebol, vemos nova realidade na América
Estamos nos acostumando ainda com o domínio
brasileiro avassalador nos torneios da Conmebol, e claro que muito disso por
razões financeiras e pelo aumento dos estrangeiros no nosso futebol. Mas a
situação não está tão confortável para muitas das equipes do país na
Libertadores e na Copa Sul-Americana. São 14 clubes brasileiros nos dois
torneios, e só cinco estão liderando seus grupos. Outros cinco estão em segundo
lugar, o que é um perigo especialmente para quem está na Sul-Americana (os
segundos jogarão um playoff contra os terceiros da Libertadores). E quatro “brazucas”
estão em terceiro lugar em suas chaves, algo que foge um pouco da lógica econômica
e técnica do continente.
O Atlético-MG é colocado atualmente na
Santíssima Trindade dos elencos do futebol brasileiros juntamente com Flamengo
e Palmeiras. Só que o Galo está ameaçado de não se classificar para as oitavas
da Libertadores. Está hoje em terceiro lugar e vai ter muito possivelmente uma
decisão no Paraguai contra o Libertad, rival que o derrotou em Minas. Outro
elenco caro do futebol brasileiro está na terceira posição: o Corinthians. A
situação para o time, agora comandado por Vanderlei Luxemburgo, é delicada em
termos de classificação. Perdeu em casa de Argentinos Juniors e Independiente
del Valle em Itaquera e tudo indica agora que irá para a Copa Sul-Americana
como um “prêmio de consolação”.
O Santos, com toda a sua tradição
internacional, está atrás de Newell’s Old Boys e do Audax Italiano em seu
grupo. Hoje, luta apenas pelo segundo posto da chave, sendo que decidirá, quase
que seguramente, sua sorte no Chile contra o Audax, que segurou o alvinegro
praiano na Vila Belmiro. Já o América-MG, tão elogiado por boas administrações
recentes e mais acostumado agora a jogar torneios continentais, é quem corre
mais risco de terminar em terceiro lugar em seu grupo na Copa Sul-Americana.
Em segundo lugar na Libertadores, estão
Palmeiras, atual campeão brasileiro, Internacional, vigente vice-campeão
nacional, e Flamengo, detentor do maior título continental no momento. O clube
alviverde, por conta da decisão do Paulista, estreou com derrota na altitude
diante do Bolívar. Terá que dobrar esse mesmo adversário no Allianz Parque para
terminar como líder de sua chave. O Inter de Mano Menezes não está convencendo
mesmo nos jogos no Beira-Rio, o que preocupa nessa disputa contra o Nacional e
o Independiente Medellín por vaga nas oitavas. Já o poderoso rubro-negro, agora
nas mãos de Jorge Sampaoli, não conseguiu vencer o Racing mesmo jogando com um
a mais por boa parte da partida. Como já perdeu uma para o Aucas, corre sério
risco de avançar para o mata-mata como segundo colocado, o que o obrigaria a
decidir fora de casa, talvez com um forte rival.
Na Copa Sul-Americana, o Botafogo, mesmo
embalado como líder do Campeonato Brasileiro, não passou pela LDU em casa e
tudo aponta agora para uma segunda posição que o jogará para um playoff de alto
risco contra um time da Libertadores, que pode ser o Corinthians, por exemplo.
O Goiás é outro clube brasileiro que está na segunda posição na Sul-Americana.
O esmeraldino time do Centro-Oeste, que já foi vice-campeão uma vez no torneio
da Conmebol, possivelmente decidirá sua sorte contra o Independiente Santa Fé
na Colômbia, o que não é moleza.
O São Paulo, agora de Dorival Júnior, lidera
ainda seu grupo na Sul-Americana, mas não venceu o Tolima e viu a aproximação
do Tigre na tabela. Mais uma vez um duelo entre eles no Morumbi será decisivo,
portanto. Pelo desempenho recente do Tricolor, o cenário não é muito animador pensando
em título da competição, lembrando que o São Paulo foi campeão em 2012 e vice no
ano passado. O Bragantino também lidera sua chave, mas parou em casa no Estudiantes,
rival que nunca foi vazado (em três jogos) pela equipe da Red Bull. Será
difícil a vida do time de Bragança Paulista na partida de volta em La Plata. A
vice-liderança do time brasileiro, talvez até no saldo de gols, é possibilidade
muito real.
Apenas três times brasileiros estão fazendo de fato grandes campanhas nos torneios da Conmebol até agora: Athletico, Fluminense e Fortaleza. O Furacão, que estava menos cotado do que o Galo, já venceu o ex-xará brasileiro e triunfou fora de casa contra o Libertad de virada. Assim, o atual vice da Libertadores encaminhou bem a sua classificação em primeiro lugar. O Flu, que aplicou a maior goleada que o River Plate já sofreu em torneios da Conmebol na história (5 a 1), une resultados e ótimo desempenho. Desponta como um dos grandes favoritos agora para o título continental, que seria inédito para o Tricolor. Também seria inédito para o Nordeste um título continental, algo que pode acontecer neste ano com o excelente Fortaleza, que mantém 100% de aproveitamento em seu grupo na Sul-Americana. O Leão do Pici faz a melhor campanha da competição e, caso não se perca nas viagens longas e no calendário recheado, deve brigar sim pelo título internacional. Dos 14 clubes brasileiros nos torneios da Conmebol, só Fortaleza e Flu ostentam 100% de aproveitamento.
Caso Athletico, Fluminense ou Fortaleza sejam
campeões continentais neste ano, vamos continuar falando do domínio brasileiro
na América, mas seriam gratas novidades, pois seriam taças nobres conquistadas
por esses clubes pela primeira vez na história. Podemos ter um certo ar de
renovação após os últimos anos em que Flamengo e Palmeiras reinaram na
Libertadores e que o Athletico triunfou duas vezes na Copa Sul-Americana (torneio
que seu dirigente máximo agora despreza devido ao crescimento à nova realidade
do rubro-negro paranaense).
Esse domínio brasileiro no continente faz com
que várias marcas e recordes coletivos, como o de invencibilidade fora de casa
(Palmeiras ficou 20 jogos sem perder como visitante, e Galo e Flamengo somaram
14 partidas sem perder em sequência), estejam virando rotina. E também já vemos
uma nova realidade em estatísticas individuais no continente. Gabigol, por
exemplo, chegou a 30 gols na Libertadores, sendo agora de forma isolada o
brasileiro com mais tentos na competição. Mas ele está a só sete gols de ser o
segundo maior goleador da história do nobre torneio (pode muito bem passar o
argentino Daniel Onega e os uruguaios Fernando Morena e Pedro Rocha). Só é
difícil para o atacante do Flamengo pegar os 54 gols do lendário equatoriano
Spencer.
O Palmeiras disparou entre os times
brasileiros em praticamente todas as estatísticas da Libertadores (partidas,
vitórias, gols, participações etc.) e já começa a se aproximar do pelotão de
elite histórico do torneio, que inclui os dois maiores clubes de Argentina,
Uruguai e Paraguai, todos com inúmeras participações. O São Paulo, em contrapartida,
vai se isolar como o segundo melhor clube nessas estatísticas todas na Copa
Sul-Americana. Jogando bastante o torneio nesse período de vacas magras, o Tricolor,
precisa de seis pontos para se igualar ao Independiente, o Rey de Copas, e
ficar atrás apenas da LDU, recordista em jogos, vitórias e gols na agora
valorizada segunda copa da Conmebol.
O Brasil nunca esteve tão voltado para o
resto da América do Sul. Talvez mudem os clubes dominantes nas competições e
alguns personagens como destaque, mas a importância dada para todos no país aos
torneios da Conmebol é uma nova realidade que veio para ficar. Os clubes brasileiros,
que vêm fazendo finais seguidas na América nos últimos anos, estão se aproximando
dos argentinos em títulos da Libertadores (está 25 a 22 para os “hermanos”) e
da Sul-Americana (9 a 5 para os vizinhos). “Soy loco por ti, América” nunca foi
tão atual como agora no Brasil.
Após metade dos jogos da fase de grupos dos torneios da Conmebol, vemos nova realidade na América
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.