40 anos da mancha de Waldir Peres
Não existe um pingo de exagero quando digo que a seleção brasileira de 1982 guiou a minha vida.
Simples. As relações são diretas. O Brasil de 82 me fez gostar de futebol. A partir dos meus jogadores preferidos daquele grupo escolhi um time pra torcer. Por ser apaixonado por um clube, quis viver de esporte. Por querer viver de esporte e não me destacar em nenhuma modalidade como atleta, "restou" o jornalismo esportivo, outro amor à primeira vista.
Pois bem, voltamos ao início de tudo. Em 5 de julho de 1982 , exatos 40 anos atrás, vivi minha primeira desilusão amorosa.
Algo não ia bem desde o hino nacional. Enquanto a câmera desfilava pelos craques brasileiros, uma mancha de suor no centro da camisa do Waldir Peres (ídolo maior) me chamou a atenção.
Não tem explicação, mas aquela imagem nunca mais saiu da minha cabeça. Nos jogos anteriores, a camisa do Waldir estava seca. Era um fato novo, e quem vive futebol sabe que fatos novos não são bem-vindos. Quem vive futebol também sente quando as coisas não vão bem. E antes delas começarem a não ir bem.
Diferentemente dos outros jogos, não acompanhei Brasil x Itália com a devida atenção. À exceção da estreia contra a União Soviética, em que estava na sala de aula, vi todos os jogos vidrado na tela da TV. No dia que Paolo Rossi virou nosso carrasco, não estava na mesma "pegada". Lembro que vibrei a distância no primeiro gol de empate, marcado por Sócrates. No 2 a 2 de Falcão também. Mas no fundo sabia que era em vão. A mancha de suor na camisa do Waldir não permitia que acreditasse na classificação. Mesmo o empate sendo do Brasil.
Paolo Rossi fez o 3º e, no apito final, desliguei a televisão. Fiquei quieto num canto de casa, tentando aceitar que por quatro anos não existiria mais o evento "jogo do Brasil na Copa". Ainda bem que não sabia que jamais me encantaria tanto por uma seleção.
Vi mais tarde, no "Jornal Nacional", que a dor não foi só minha. O país inteiro chorava, cenas e relatos de tristeza realmente impressionantes.
Naquele mesmo ano sofri outro golpe duro. Meu time perdeu uma final de campeonato e eu estava no estádio. Anos depois aprenderia que o torcedor é forjado nas derrotas, e que poucas emoções são tão fortes quanto a de uma grande vitória.
O Brasil de 82 venceu muito mais que quatro jogos. O Brasil de 82 me dá alegrias até hoje.
Fonte: André Plihal
40 anos da mancha de Waldir Peres
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