Argentina e Brasil estão bem mais fortes que Mbappé e até do que muitos sul-americanos imaginam
Posso ser chamado de resultadista por causa
de dois amistosos, mas Argentina e Brasil têm tudo para brigarem pelo título mundial, sim. E não simplesmente porque bateram com autoridade a Itália (3 a 0) e a Coreia do Sul (5 a 1) nos continentes desses adversários. Há vários pontos positivos
que animam os gigantes sul-americanos que foram, de certa forma, menosprezados
por Mbappé, astro francês que vai tentar um bicampeonato mundial genuíno no
Qatar no final deste ano. Segundo o excelente atacante do Paris Saint-Germain,
como as seleções sul-americanas pouco têm enfrentado as europeias, estariam em um
nível abaixo.
“A vantagem que nós, europeus, temos é que sempre jogamos uns contra os outros e temos partidas de alto nível o tempo todo, como na Nations League. Quando chegarmos à Copa do Mundo, estaremos prontos. Argentina e Brasil não têm esse nível. Na América do Sul, o futebol não está tão avançado quanto na Europa. Por isso, quando você vê as últimas Copas do Mundo, são sempre os europeus que ganham”, afirmou Mbappé, que deve perder a Bola de Ouro para o conterrâneo Benzema. Alguns dos 'colegas' de Mbappé, sobretudo argentinos, já deram a resposta.
Finalíssima: Messi arrebenta, Di María faz golaço, e Argentina atropela a Itália; ASSISTA
Messi, eleito o melhor jogador da Finalíssima, a disputa entre as campeãs de Europa e América do Sul, vê um equilíbrio entre os dois continentes em termos de seleção.
“O futebol está cada dia mais equilibrado, seja qual for o adversário. A seleção argentina está preparada para jogar contra qualquer europeu. Muitas vezes falamos sobre isso na Espanha. Quando voltávamos de uma partida de eliminatórias, dizíamos a eles: ‘Vocês não sabem como seria difícil para vocês de classificar para a Copa do Mundo se tivessem que ir jogar lá’”, falou Messi para a TyC Sports. Parceiro de Mbappé no PSG, o genial argentino valorizou demais a Itália, que foi amassada pela Argentina. “É uma loucura a Itália ter ganhado a Eurocopa e não estar na Copa do Mundo, com tudo o que significa a Itália na história dos Mundiais. Se a Itália estivesse no Mundial, seria uma das favoritas. Tiveram má sorte. Ninguém gostaria de cruzar com a Itália”, afirmou Messi.
Di María, outro 'amigo' de Mbappé do Paris
Saint-Germain, do qual acabou de sair após sete temporadas, não deixou barato também: “Acredito que hoje (3 a 0 na Itália) demonstramos
que estamos à altura dos times europeus.” O goleiro Emiliano Martínez, tão bom
quanto catimbeiro foi outra voz forte em defesa do continente sul-americano. “La Paz, na
Bolívia (3.600 metros acima do nível do mar), Equador com 30 graus, Colômbia
onde nem dá para respirar. Eles (europeus) sempre jogam em campos perfeitos,
molhados e não sabem o que é a América do Sul. Toda vez que você viaja para jogar
com a seleção, são dois dias de ida e volta. Você está exausto e não pode
treinar muito. Quando um inglês vai treinar na Inglaterra, em meia-hora ele
está em campo. Vai para Bolívia, Colômbia ou Equador ver como é fácil”, afirmou
o arqueiro do inglês Aston Villa que se firmou como titular e como um dos pilares desta forte Argentina.
A seleção de Lionel Scaloni chegou a 32 jogos
sem perder, e claro que a maioria dessas partidas foram contra adversários da
própria América do Sul. Só que essa marca não deve ser minimizada, assim como a
liderança folgada do Brasil nas eliminatórias para a Copa do Mundo não deve ser
menosprezada. A maior ameaça para a invencibilidade da Argentina talvez seja
mesmo o duelo contra a seleção brasileira no dia 22 de setembro, jogo que será
realizado por determinação da Fifa (a entidade exige a partida que faltou no
qualificatório para o Mundial). A equipe de Messi busca o recorde de jogos sem derrota
da Itália de Mancini (37 partidas) e pode atingir essa marca no seu último confronto
da fase de grupos da Copa, contra a Polônia, uma seleção europeia assim como a Estônia,
a próxima adversária da Argentina. É mais fácil perder da Estônia ou em algum
jogo fora na América do Sul?
O divertido e articulado Loco Abreu, ex-atacante da seleção uruguaia, disse que Mbappé deveria fazer mais “pesquisas na Wikipédia” antes de falar, uma direta após a polêmica fala do francês sobre o nível do futebol sul-americano. Lautaro Martínez, atual atacante da Argentina, defendeu sobretudo as seleções de seu país e do Brasil. “Argentina e Brasil têm jogadores de grande experiência e alto nível. O Brasil também tem um elenco onde a maioria joga na Europa. Me pareceu que foi uma afirmação injusta (do Mbappé). Mas tudo bem, estamos nos preparando e vamos pensar no que está por vir, que é a Copa do Qatar.”
Se é verdade que a Europa vence todos os
Mundiais de seleções desde 2006 e que só a Argentina em 2014 conseguiu ir a uma
final sem ser uma equipe europeia, é verdade também que o Brasil assumiu a
liderança do ranking da Fifa, desbancando a Bélgica depois de muito tempo. Tite
parecia perdido e estagnado com sua seleção ao perder a Copa América em casa
para a Argentina, mas jovens jogadores de beirada de campo, como Antony,
Raphinha e Vinícius Junior, ajudaram a oxigenar o time e a melhorar a produção ofensiva.
A própria Champions League última foi uma prova da força brasileira no momento.
No lado campeão do Real Madrid, Casemiro, Militão, Rodrygo e Vini Jr. (apenas
Marcelo não entrou na decisão). No lado vice-campeão do Liverpool, Alisson,
Fabinho e Firmino (apenas o atacante ficou na reserva e não faz uma temporada
de altíssimo nível).
A nacionalidade dominante na final da
Champions foi a brasileira, e o gol do título foi marcado por um jogador sub-21
do país que tem tudo para ficar entre os dez melhores do planeta nas premiações
individuais da temporada (disputar a Bola de Ouro não é mais coisa apenas para
Neymar dentre os brasileiros). Na decisão em Paris envolvendo um time espanhol
e um clube inglês, jogaram apenas três atletas nascidos na Espanha (Carvajal,
Ceballos e Thiago Alcântara, que tem sangue brasileiro) e só dois mesmo da Inglaterra
(Alexander-Arnold e Henderson). O técnico Carlo Ancelotti ajudou bastante a
seleção brasileira ao evoluir alguns jogadores, sobretudo o titular Vinícius
Junior e o reserva Rodrygo. Tite já agradeceu em entrevista ao vitorioso
treinador italiano pela força que deu ao melhorar seus atletas da seleção. O
momento do Brasil é muito bom, assim como é o da Argentina.
Pelo chaveamento da Copa do Mundo, talvez
tenhamos uma semifinal entre Argentina e Brasil, o que poderia ser visto como o
maior embate entre as duas rivais na história. Pela lógica e pela qualidade
técnica, a França seria a finalista para derrubar uma dessas potências
sul-americanas. O Mundial do Qatar ainda não começou, mas a disputa América do
Sul x Mbappé já está pegando fogo. Temos um europeu favorito contra dois fortes
postulantes do nosso continente. Não sei qual vai vencer, mas quem está perdendo
até aqui é o vestiário do Paris Saint-Germain. Mbappé fez há poucos dias a escolha mais difícil de sua carreira e também soltou sua maior bomba desde que virou astro global. Já estou vendo o que vão dizer para ele se os sul-americanos forem mesmo os melhores do mundo: "Receba!"
Argentina e Brasil estão bem mais fortes que Mbappé e até do que muitos sul-americanos imaginam
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