Aos mestres, com carinho
Quando se entra pela primeira vez numa quadra de tênis, um filme passa pela sua cabeça: um esporte difícil, uma possível carreira de sucesso, viagens a lugares incríveis, conhecer culturas e pessoas diferentes, ficar famoso.
Com o tempo, vamos conhecendo o esporte, e o professor tem a função de lhe mostrar as coisas boas e ruins que podem acontecer nessa linda jornada.
Como em qualquer atividade, você se depara com professores bons, ruins, normais ou tem a sorte de conhecer orientadores diferenciados.
Ter a sorte de encontrar um desses professores fora da curva te faz olhar o esporte e a vida de uma maneira bem diferente. Quanto entrei pela primeira vez para uma aula numa quadra de tênis, assim que vi meu professor, me senti acolhido.
Lembro como se fosse hoje.
Ele foi até a porta, pegou na minha mão e disse: “Seja bem-vindo, Fernando. Aqui é um lugar sagrado, a quadra de tênis. Aqui você sempre terá alegrias e tristezas, mas, acima de tudo, você terá aprendizados. Aqui pedimos apenas uma coisa: alegria, respeito e dedicação”.
Eu tinha oito anos, e ele 18.
Seu sorriso, sua energia e sua preocupação eram marcantes, inesquecíveis. Em poucos minutos, me apaixonei pelo esporte através do grande professor que meus pais tinham escolhido para mim. Fiquei uma hora em quadra. Ao sair, não via a hora de voltar.
Aprendi todos os fundamentos, mas muito mais do que golpes de direita e esquerda, saques e voleios, aprendi a ser gente.
Ele, sem eu perceber, me ensinou valores, me mostrou que somos todos iguais, que não existe diferença entre A ou B, cores, religiões, ideias. Em poucos meses, o incrível José Flávio Nunes virou meu segundo pai. Pegava-me na saída da escola, jogava comigo, me colocava para enfrentar adversários com mais de 50, 60 anos de diferença, me levava para o refeitório dos funcionários, me apresentava a meus amigos inseparáveis, os pegadores de bola, me levava para conhecer a casa humilde que habitava.
O Nunes, com a autorização dos meus pais, me fez virar atleta, criança e gente.
O tempo passou e fico pensando o quanto ele foi importante. Ele me ensinou a lutar em cada vitória.
Lembro também como se fosse hoje ele jogando com cãibras na Quadra 1 do clube e lutando até o último ponto de um torneio qualquer. Saiu derrotado e com olhos marejados.
Logo depois, disse: “Podia morrer na quadra, mas não entregaria o jogo nunca. Sei que sou o espelho das crianças e eles precisavam me ver cair de pé.”
Hoje, sou grato.
Tenho orgulho de dizer que meu primeiro professor mudou minha vida. Que ele tem uma parcela gigante nas minhas conquistas e na pessoa que sou.
Que todos um dia possam ter a sorte de ter um professor Nunes em suas vidas.
Aos mestres, com carinho
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